As vendas nos supermercados cresceram 12% em janeiro, ante mesmo período de 2020, informou nesta quinta-feira a Abras, associação que representa o setor. Mas essa alta, já deflacionada pelo IPCA, não deve se repetir em fevereiro, que não teve seus resultados favorecidos pelo Carnaval neste ano, disse o vice-presidente da Abras, Marcio Milan, em coletiva nesta manhã.
“Em fevereiro não esperamos o mesmo desempenho que teve em janeiro. Um ano antes, em janeiro de 2020, muitas famílias estavam em férias e consumindo fora de casa. Em fevereiro deste ano, embora as famílias estejam consumindo mais em casa, não teve o Carnaval”, explicou o executivo.
Ante dezembro, o resultado de janeiro registrou uma queda de 18,45% nas vendas. O último mês do ano é favorecido pelas vendas de Natal, importante data de consumo dentro dos lares e que foi ainda mais forte em 2020 por causa da pandemia. No acumulado de uma ano, o índice de consumo da Abras também mostrou alta real de 12%.
A associação faz também um levantamento de preços, o índice Abrasmercado, que acelerou 0,22% em janeiro, elevando preço da cesta de consumo para R$ 636,40. A cesta do Abrasmercado é composta por 35 produtos de larga escala dos supermercados, como papel higiênico, arroz, queijo muçarela, leite e água sanitária, entre outro.
Como base de comparação, o IPCA, índice de inflação medido pelo IBGE, teve alta de 0,26% no período, puxado por um avanço acima de 1% do grupo de alimentos. Já no acumulado de 12 meses, o Abrasmercado teve aumento de 24,4%.
Páscoa
O setor de supermercados espera um crescimento de 10% a 15% nas vendas de Páscoa deste ano em comparação ao ano anterior, quando o resultado foi afetado pelo início da pandemia. “Vai ser uma Páscoa mais planejada. O consumidor não está deixando para fazer suas compras na última semana para evitar aglomerações”, disse Milan.
Milan explicou que, diferentemente de 2020, quando o varejo e a indústria precisaram pensar juntos em soluções para diminuir os estoques, dessa vez não haverá prorrogação nas vendas de itens ligados à festividade religiosa. “Ano passado não tinha como fazer planejamento, a pandemia começou cerca de um mês antes da Páscoa e era preciso desestocar tudo que havia sido pedido.”
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Mais adequada à realidade da pandemia, a Páscoa de 2021 será melhor do que no ano anterior, mas ainda terá volume menor do que 2019, afirmou Milan.
Os preços também estarão mais elevados, puxados principalmente pela inflação de custo de insumos e valorização do dólar. Feitos especialmente para essa data, os ovos de chocolate apresentam alta de até 11%. As caixas de bombom estarão 10,7% mais caras, o bacalhau, 15,6%, e vinhos nacionais e internacionais, 10,3% e 15,3%, respectivamente.