Em meio às polêmicas relacionadas aos Direitos Humanos que cercam o GP da Arábia Saudita da Fórmula 1, a ser realizado neste fim de semana em 5 de dezembro, os organizadores da etapa confirmaram que a prova terá uma mulher como embaixadora: será a piloto Reema Juffali, de 29 anos, a primeira do país após a queda da proibição de mulheres de dirigir, em 2018.
- É uma honra incrível pra mim. Crescendo em Jeddah, andei pelas mesmas ruas que formarão o circuito em que os melhores pilotos do mundo correrão. É difícil até expressar como esta ocasião é importante para a cidade. Estou ansiosa para participar do fim de semana da corrida, e espero que a minha história possa servir de inspiração para quem está pensando em seguir o seu sonho – celebrou a piloto.
Juffali passou pela Fórmula 4 e, neste ano, disputou a Fórmula 3 britânica, cujo campeonato terminou na 18ª colocação – tendo um quarto lugar como seu melhor resultado do ano. Neste mês de novembro, a piloto saudita participou dos testes para novatos da temporada 2022 da DTM, o campeonato alemão de carros de turismo.
A piloto se tornou a primeira mulher saudita a obter uma licença para competir após a Arábia Saudita derrubar, em 2018, a proibição do governo de mulheres dirigirem, decisão do príncipe herdeiro Mohammad bin Salman.
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Antes, parte das mulheres do país que queriam tirar uma carteira de motorista precisavam obter uma licença de condução em outro país – em 2011, uma mulher pega dirigindo chegou a ser condenada a receber dez chibatadas.
Com a decisão, foram abertas autoescolas em cidades como Riad e Jeddah, que receberá a F1 neste fim de semana. A Arábia Saudita era o último país a manter esse tipo de proibição, até então, apesar de protestos e movimentos registrados desde a década de 1990. Outras mudanças também foram promovidas pelo governo, como a permissão para que mulheres frequentem estádios de futebol.
Etapa controversa
Assim como no Catar, o GP da Arábia Saudita é cercado de polêmica pelas acusações do país de violações aos direitos humanos e do uso do esporte para limpar sua imagem, prática conhecida como lavagem esportiva ou “sportswashing”, cujo risco foi alertado pela Anistia Internacional.
Além de criminalizar a homossexualidade e impor medidas restritivas às mulheres – proibindo-as de interagir com homens, casar ou se divorciar, abrir determinados tipos de empreendimentos, deixar a prisão ou abrigos sem a autorização de um tutor masculino -, o governo saudita é acusado de prender e executar opositores, incluindo o polêmico homicídio do jornalista Jamal Khashoggi em 2018.