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Produtos que ficaram mais caros, mas diminuíram de tamanho

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“Eu fiquei irritado. Ao chegar no supermercado, senti que os preços dos itens subiram, enquanto o tamanho foi reduzido. Por exemplo, enquanto a maioria dos molhos de tomate tinha 340 gramas um tempo atrás, agora está tudo com 300 [gramas] ou até menos”, diz o marceneiro Jefferson Gimenes, de 50 anos, que faz compras mensais para a família.

O movimento que reflete essa percepção tem um nome: reduflação — que é a manutenção ou até um aumento dos preços nas gôndolas, mesmo diante de um corte no tamanho dos produtos por parte dos fabricantes.

No acumulado dos oito primeiros meses de 2023, por exemplo, o sabão em pó foi o item vendido em supermercados que mais sofreu reduflação em comparação ao intervalo de janeiro a agosto do ano passado. No período, o tamanho do produto diminuiu quase 10% (de cerca de 1,1 kg para 1kg), enquanto o preço foi de R$ 15,31 para R$ 19,18.

Em seguida veio o chocolate, que ficou em segundo lugar entre os itens mais impactados. Na mesma janela de referência, o produto diminuiu de 167,6 gramas para 143,7 gramas, enquanto o preço foi de R$ 15,85 para R$ 16,78.

Todos os valores constam no levantamento realizado pela consultoria Horus Foram analisadas as 30 principais categorias de produtos presentes no carrinho de compra do consumidor.

Por que as empresas fazem isso?

Segundo especialistas, há dois grandes motivos para as empresas praticarem a reduflação: eventuais aumentos nos preços dos combustíveis — que, por sua vez, impactam nos custos de transporte dos produtos — e questões sazonais.

Em relação aos combustíveis, por exemplo, o professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Ulysses Reis, afirma que as empresas precisam constantemente encontrar saídas para reduzir o impactos dos preços da gasolina .

Isso porque quanto mais caro é o combustível, mais a empresa precisa alocar recursos para o transporte de produtos e menor tende a ser o seu lucro. Se um ano atrás uma companhia gastava R$ 1 mil nesse processo, por exemplo, atualmente precisa desembolsar aproximadamente R$ 1.205 — cerca de 21% a mais.

Nesses casos, a solução encontrada pelas empresas, segundo o especialista, é repassar os valores no preço final dos produtos (veja abaixo o preço médio dos combustíveis nos postos em um ano).

Já em relação às questões sazonais, Josilmar Cordenonssi, professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie afirma que o clima pode afetar a produção de diversos itens.

Um exemplo fica com as lavouras de trigo do Rio Grande do Sul, que perderam potencial produtivo após as tempestades registradas no início de setembro. Como a região responde por cerca de 90% da colheita de trigo do Brasil, isso pode prejudicar as fabricantes de biscoitos — quarto item que mais sofreu reduflação, segundo o levantamento da Horus.

Dessa forma, as empresas precisam encontrar maneiras de reduzir os impactos no caixa em meio ao aumento de preços da commodity. E, segundo os especialistas, a reduflação é mais uma vez a saída escolhida já que, na prática, os produtos tendem a continuar com o mesmo preço de venda, enquanto as companhias produzem itens menores.

Em entrevista à BBC, Cammy Crolic, professora da Universidade de Oxford, afirmou que essa é a grande sacada para que os clientes não parem de consumir. Ela diz que a população tende a se preocupar mais com o impacto do preço das compras do que com a quantidade.

 

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