Após o aumento do número de internações e casos de coronavírus no estado, o governo de São Paulo anunciou que assinará um decreto determinando que os hospitais não desmobilizem os leitos que foram criados para atender exclusivamente pacientes da Covid-19.
Além disso, também serão suspensos os novos agendamentos de cirurgias eletivas de outras doenças, aquelas de casos que não são considerados emergenciais. Os atendimentos haviam sido retomados nos meses anteriores, quando houve queda dos indicadores da Covid-19.
“Essa elevação da curva [de internações] promove a necessidade de medidas estratégicas. Dessa maneira, o governo assina hoje um decreto que determina a todos os hospitais públicos, filantrópicos e privados a não desmobilização de qualquer leito, seja ele de UTI ou de enfermaria, voltados para o atendimento do Covid-19. Assim como a não realização de novos agendamentos de cirurgias eletivas, para que dessa forma possamos garantir leitos para todos os pacientes com Covid”, disse o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn.
Em coletiva realizada m a Prefeitura de São Paulo negou que a cidade enfrente uma nova onda de Covid-19, mas afirmou que abriu 200 novos leitos para tratar casos leves da doença.
O prefeito Bruno Covas (PSDB) admitiu aumento de ocupação de UTI, mas disse não ser necessária a adoção de medidas mais restritivas como o “lockdown”.
Restrições da quarentena
Após críticas por congelamento da classificação do Plano São Paulo, que define regras mais duras ou brandas da quarentena, o governo também decidiu nesta quinta voltar a realizar a análise a cada 14 dias, e não mais a cada mês.
“O período de um mês era adequado na curva descendente, como agora tivemos duas semanas consecutivas com aumento de internações nós estamos agora mudando para acompanhar a classificação a cada 14 dias. Se esta tendência se mantiver, os indicadores vão demonstrar e teremos sim que tomar medidas mais restritivas”, afirmou a secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen.
Atualmente, os 39 municípios da Grande São Paulo estão oficialmente na fase verde do Plano São Paulo. Mas, nesta semana, a região já apresenta indicadores da epidemia de Covid-19 compatíveis com a fase amarela, graças à piora da doença na capital, nos municípios do Grande ABC, que compõe a sub-região Grande SP Leste, e na sub-região Grande SP Norte.
Aumento de internações
Na segunda-feira (16), a gestão estadual admitiu um aumento de 18% nas internações de casos suspeitos e confirmados da doença na última semana epidemiológica, que foi do dia 8 ao dia 14 de novembro, em relação à semana anterior: a média diária das novas internações subiu de 859 para 1.009.
Antes, mesmo com o alerta de médicos de hospitais particulares da capital e com dados oficiais que já apontavam para aumento na Grande São Paulo, o governo negava que a doença estava aumentando no estado.
Nesta quinta-feira (19), Gorinchteyn afirmou que o governo estadual ainda enfrenta dificuldades para interpretar os dados de internações. Ele citou a instabilidade no sistema Sivep-Gripe do Ministério da Saúde, que impediu a divulgação de dados entre os dias 6 e 10 e novembro e também o feriado 12 de outubro, quando funcionários trabalham em esquema de plantão e há redução na inserção de informações no sistema.
“A nossa dificuldade de interpretação dos dados é porque nós tivemos a semana do feriado e entre a 45ª e a 46ª semana nós somos então surpreendidos por um problema técnico, que se estendeu até há dois dias, quando os dados começaram de forma gradual a serem instituídos. Nós não conseguimos entender se eram os dados que eram represados e, por isso, aumentaram ou se realmente aumentaram e o quanto aumentaram, já que esses dados também estão sendo inseridos de forma paulatina, de forma gradual”, disse Gorinchteyn.
Segundo o secretário da Saúde, nesta quinta é observado aumento de 8% nas internações na semana epidemiológica. Os dados, no entanto, ainda não estão fechados, já que a semana epidemiológica que vai do dia 15 ao dia 21 de novembro.
A taxa de ocupação dos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) nos hospitais municipais da cidade de São Paulo por pacientes com Covid-19 chegou a 48% nesta quarta (18). O número é o maior registrado desde o dia 10 de agosto, quando a ocupação nos hospitais da Prefeitura era de 50%.
Essa taxa de ocupação cresceu 15% nos últimos sete dias, se comparada aos sete dias anteriores. Entre os dias 5 e 11 de novembro, a média da taxa de ocupação de UTI foi de 34%. Já entre os dias 12 e 18 de novembro, a média subiu para 39%. Os cálculos foram feitos pela GloboNews com base nos dados divulgados diariamente pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Nos hospitais contratualizados pela Prefeitura de SP — que são os hospitais particulares que têm leitos alugados pela gestão municipal desde maio—, o aumento foi ainda maior: 45%. Nos últimos sete dias, a média da ocupação foi de 48%. Nos sete dias anteriores, tinha sido de 33%.