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Bolsonaro apela a comerciantes para conter preço do arroz

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O presidente Jair Bolsonaro afirmouque fez um “apelo” a donos de supermercados para conter a alta do preço do arroz. Mais cedo, durante reunião do governo, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, assegurou que o produto não faltará no país.

As falas de Bolsonaro e da ministra foram publicadas em vídeos nas redes sociais do presidente. Os dois abordaram a alta de preço de um dos produtos considerados essenciais no cardápio dos brasileiros.
O presidente falou sobre o tema durante um encontro com médicos favoráveis ao uso da hidroxicloroquina para o tratamento da Covid-19 – a substância não tem efeito comprovado.

Bolsonaro disse que tem conversado com donos de redes de supermercados e que fez um “apelo” para que as margens de lucro de produtos como o arroz fiquem “próximas de zero”. O presidente acrescentou que não pretende tabelar preços.

“Tenho apelado para eles, ninguém vai usar a caneta Bic para tabelar nada, não existe tabelamento, mas pedindo para eles que o lucro desses produtos essenciais nos supermercados seja próximo de zero. Acredito que nova safra começa a ser colhida em dezembro, janeiro, de arroz em especial, a tendência é normalizar o preço”, disse o presidente.

Tereza Cristina também falou sobre o tema ao ser questionada por uma youtuber de 10 anos de idade. A ministra estava no conselho de governo, que reúne Bolsonaro, ministros e o vice-presidente Hamilton Mourão.

Bolsonaro sugeriu que a menina perguntasse a Tereza sobre a situação do arroz. A menina indagou a ministra se o preço deverá cair ou subir.
“O arroz não vai faltar. Agora ele está alto, mas nós vamos fazer ele baixar, se Deus quiser vamos ter uma supersafra no ano que vem”, declarou Tereza.

Outras medidas
Ao falar sobre o tema, Bolsonaro disse que o governo prepara outras medidas para encarar a inflação dos alimentos e “dar uma resposta a esses preços que dispararam nos supermercados”. O presidente não detalhou o que será feito.

Na última semana, em viagem ao interior de São Paulo, Bolsonaro já havia falado sobre um “apelo” aos comerciantes. Em um vídeo, o presidente disse que está pedindo apoio a intermediários e donos de grandes redes de supermercados para evitar a alta do valor dos alimentos básicos.

A associação do setor de supermercados divulgou na última quinta (3) uma carta em que chama a atenção para o aumento de preços de itens da cesta básica. Desde o início da pandemia de Covid-19, a procura por esses alimentos cresceu, justamente por haver mais pessoas consumindo dentro de casa.

Inflação no mercado
Além do arroz, produtos como feijão e carne também estão mais caros nos últimos meses. Entre as explicações estão as mudanças de consumo na pandemia e o dólar alto.

A inflação oficial no país até julho é de 0,46%. Mas uma pesquisa do Dieese mostra que o custo da cesta básica já subiu bem mais do que a inflação em 16 capitais.

Em Salvador, por exemplo, cesta básica já ficou 16% mais cara desde janeiro. Das 17 capitais pesquisadas, Brasília foi a única onde a cesta básica ficou mais barata este ano.

Segundo a CNA, Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, a pandemia fez os brasileiros comprarem mais alimentos, o que forçou preços para cima antes mesmo das altas provocadas pela entressafras. Além disso, a disparada do dólar em relação ao real encareceu os insumos da agropecuária.

“Com o câmbio mais elevado, o fertilizante está mais caro. O farelo de soja e de milho que é utilizado na ração de animais tem regiões com mais de 50% de aumento de custos de produção”, explica Bruno Lucchi, superintendente-técnico da CNA.

O Dieese afirma que o dólar alto também estimula os produtores a vender para os outros países.

“Quando se exporta um produto, você manda ele para fora, o produtor recebe em dólar, e na hora que ele transforma em real ele ganha mais. Então uma taxa de câmbio desvalorizada, ela estimula a exportação. Você tem um impacto muito grande das exportações, no volume de produtos ofertados no mercado interno. Quando eles chegam em menor quantidade, uma redução da oferta interna e eles chegam mais caros para as famílias”, explica a economista sênior do Dieese, Patrícia Costa.

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