A fábrica do Instituto Butantan que irá produzir a CoronaVac, vacina chinesa contra a Covid-19, deverá ficar pronta no final de 2021, segundo informou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), .
“Esta nova fábrica terá 10 mil metros quadrados de área e capacidade de produzir 100 milhões de doses da vacina contra Covid-19 por ano. As obras começaram agora, dia 2 de novembro. A previsão é de 10 meses de obra e a fábrica estará pronta em setembro de 2021”, disse João Doria em coletiva de imprensa na sede do Instituto.
O diretor do Butantan, Dimas Covas, disse que a expectativa é a de que a obra seja finalizada em setembro de 2021, mas o espaço só será liberado para começar a produzir o imunizante após receber certificado, o que deve ocorrer até o final do mesmo ano.
“A fábrica terá a sua fase de construção até setembro e depois ela entra na qualificação. Na qualificação, ela entra em operação para receber o certificado de boas práticas de fabricação. Recebendo esse certificado, que deve acontecer até o final de 2021, ela inicia a produção da vacina. E produzirá a vacina desde o momento zero até o momento final que é a entrega ao consumidor”, explicou.
Ainda de acordo com o diretor, a fábrica será responsável não apenas pela produção Coronavac.
“É uma fábrica multipropósito. Nesse primeiro momento ela vai produzir vacinas para o Covid, mas ela é uma fábrica que poderá produzir outras vacinas e nesse aspecto ela é muito avançada, ela não é o habitual na indústria farmacêutica. Então, nós tivemos o cuidado de preparar essa fábrica com essa visão exatamente para que não ocorra o fenômeno da obsolescência que uma vacina pode, às vezes, decair de uso e se fica aí com uma fábrica que não pode ser rapidamente transformada em outra”, destacou.
Sem verba federal
Para a construção do espaço, além dos recursos doados pela iniciativa privada, o governo paulista esperava receber R$ 80 milhões do governo federal, conforme anunciado por João Doria em coletiva de imprensa no final de setembro.
Entretanto, segundo o secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn, o repasse não foi feito pelo Ministério da Saúde.
“Nós tivemos em um dos encontros que tivemos no Ministério [da Saúde], há várias semanas, a referência de R$ 84 milhões que seriam ofertados para auxílio da fábrica. Até o momento esses recursos não foram disponibilizados. Então, até o momento, nós não temos esse recurso”, disse Gorinchteyn.
Primeiras doses
O governador de São Paulo também anunciou nesta segunda (9) que o estado vai receber as 120 mil primeiras doses da Coronavac no dia 20 de novembro.
No final de outubro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou a importação de 6 milhões do imunizante.
“As primeiras doses da vacina Coronavac chegam ao Brasil no dia 20 de novembro e esta data está confirmada. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já havia autorizado, nós já tínhamos comentado isso com vocês, a própria Anvisa já havia emitido comunicado também, e agora as autoridades sanitárias da China a Anvisa chinesa também deu autorização para importação, pelo instituto Butantan, dos lotes 6 milhões de vacinas, sendo que as primeiras 120 mil doses chegam no dia 20 de novembro no aeroporto internacional de Guarulhos em São Paulo”, afirmou Doria durante coletiva de imprensa no início da tarde desta segunda.
46 milhões de doses previstas
No total, o governo paulista fechou contrato com a chinesa Sinovac para a aquisição das 46 milhões de doses da CoronaVac. Essas primeiras 6 milhões virão prontas da China, e as outras 40 milhões serão envasadas e rotuladas no Instituto Butantan a partir de material que será importado.
Segundo o diretor do Butantan, Dimas Covas, o cronograma estipulado pelo governo de São Paulo está mantido, independentemente do que as autoridades paulistas apontam como um atraso da Anvisa na liberação da importação de matéria-prima da China.
Ainda de acordo com o governador, o Butantan receberá as doses em lotes e até o dia 30 de dezembro o Instituto terá as 6 milhões de vacinas previstas.
O diretor do Instituto, Dimas Covas, disse que o local onde o imunizante ficará armazenado será mantido em sigilo por motivos de segurança.
No final de setembro, Doria chegou a dizer que as primeiras doses chegariam em outubro.
Vacina chinesa
A CoronaVac está atualmente na terceira fase de testes. A Sinovac, farmacêutica chinesa responsável pela vacina, ainda não obteve o registro para aplicação do imunizante, que não pode ser utilizado na população.
“Quero esclarecer aqui que nós seguimos e vamos continuar a seguir rigorosamente os protocolos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a aplicação da vacina. A vacina só será levada ao público às pessoas após autorização final da Anvisa”, disse Doria.
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Até momento, apenas dados parciais referentes à segurança da vacina foram apresentados pelo governo de São Paulo, mas eles não foram enviados ao órgão ou publicados em revistas científicas.
A CoronaVac é alvo de disputa política envolvendo o Ministério da Saúde, o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria.
No final de outubro, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciou a negociação para adquirir as 46 milhões de doses. Contrariado, Bolsonaro mandou cancelar a compra – e o ministério, por sua vez, afirmou que “não há intenção de compra” e substituiu o comunicado no site.