Embora a McLaren e a Williams tenham dado um passo para trás no embate com a Racing Point pelo uso irregular dos dutos de freios, a Renault segue empenhada no imbróglio contra a rival, que foi punida com a perda de 15 pontos no campeonato e multa de R$ 2,5 milhões (cerca de 400 mil euros). Cyril Abiteboul, chefe da equipe francesa, voltou a exigir uma punição mais severa para o time britânico, mencionando um episódio semelhante em que a montadora comandada por ele foi punida com a desqualificação dos carros.
Na parte final da temporada de 2019, no GP do Japão, a Renault foi investigada por ter desenvolvido um sistema de ajuste automático na frenagem que não exigiria que os pilotos sequer mexessem no volante para executá-lo. Curiosamente, a autora do protesto contra a montadora francesa foi a Racing Point.
A questão não foi considerada uma violação do regulamento técnico da Fórmula 1, no entanto, por ser avaliada como uma quebra das normas esportivas da categoria, que definem que os pilotos devem correr sozinhos e sem assistência direta, a equipe foi punida com a desqualificação da etapa em Suzuka; Daniel Ricciardo, sexto colocado na prova, e Nico Hulkenberg, décimo, perderam seus pontos.
Estávamos esperando uma sanção consistente com outras que vimos no passado, sendo a mais recente uma que nós aceitamos no ano passado depois de Suzuka. Fomos pegos na brecha do regulamento esportivo, e não o técnico, excluídos daquele evento e, posteriormente, perdemos todos os nossos pontos. Não houve um desconto pra Renault, então eu não entendo porque deveria haver um desconto para a Racing Point. Deveriam perder todos os pontos de cada etapa em que protestamos – criticou Cyril Abiteboul.
Dessa vez, o protesto veio por parte da equipe francesa, que acusa a Racing Point de utilizar dutos de freio copiados do W10, o carro da Mercedes na temporada passada. O sistema faz parte de uma lista de peças proibidas de serem desenvolvidas ou fornecidas por concorrentes.
A Racing Point defendeu-se das acusações alegando que projetou o RP20, semelhante ao carro da equipe alemã, baseando-se em fotografias. O departamento técnico da Federação Internacional do Automobilismo (FIA) chegou a realizar uma inspeção na fábrica do time rosa antes do início da temporada, porém, revelou mais tarde que não investigou os freios e o sistema interno dos carros.
Após protestos encabeçados pela Renault e posteriormente a Ferrari, a entidade confirmou que, embora não tenha descumprido o regulamento técnico, a equipe não estava em concordância com as regras esportivas e optou por uma punição considerada branda pelas rivais: a perda de 15 pontos no campeonato de construtores e multa de R$ 2,5 milhões, cerca de 400 mil euros.
A FIA também permitiu que a Racing Point continuasse a usar o sistema de freios pelo resto da temporada. Para Abiteboul, a sanção imposta abre brechas para novos protestos, que acarretariam em mais punições:
- Estaremos em uma situação estranha a cada vez que Otmar for chamado pelos comissários. Os dutos de freios deles serão considerados similares com os anteriores, não mudarão, e ele vai receber uma reprimenda novamente. Então, estamos encarando a perspectiva de dez corridas, algo assim, onde os carros dele serão sempre punidos.