A Polícia Federal indiciou o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, do PSDB, por corrupção passiva, caixa dois eleitoral e lavagem de dinheiro. O inquérito é um desdobramento da Lava Jato.
A Polícia Federal começou a investigar o ex-governador Geraldo Alckmin em 2017. Foi quando ele renunciou ao governo paulista para concorrer à Presidência da República. A conclusão veio nesta quinta-feira (16). Os investigadores dizem ter provas que confirmam a versão apresentada por três delatores da Odebrecht.
Carlos Armando Paschoal, então diretor da empreiteira em São Paulo, disse que recebeu das mãos de Alckmin um cartão de visita do cunhado dele, Adhemar Ribeiro.
Paschoal disse que repassou R$ 2 milhões, via caixa 2, para a campanha de Geraldo Alckmin ao governo de São Paulo, em 2010, e que na época o responsável por controlar os pagamentos era Adhemar Ribeiro.
Benedicto Junior, que comandava o Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht, como era chamado o departamento de propina do grupo, disse que a empresa voltou a repassar valores não declarados para a campanha à reeleição de Geraldo Alckmin, ao governo do estado, em 2014.
Segundo o delator, nesta ocasião, os valores chegaram a R$ 8,3 milhões e que o intermediário dos pagamentos era o então tesoureiro do PSDB e ex-secretário de Planejamento do governo do estado Marcos Monteiro.
“O plano de governo previa uma série de PPPs a acontecer a partir de 2015. Então, tinha essa visão que meu executivo achou que a gente ia conseguir se posicionar bem”, contou Benedicto Junior.
Arnaldo Cumplido, responsável na Odebrecht pelas obras do metrô, também falou sobre repasses na campanha de 2014. A Odebrecht não aparece como doadora oficial das campanhas de Alckmin em 2010 e 2014.
Geraldo Alckmin e Marcos Monteiro foram indiciados por três crimes: caixa 2 eleitoral, lavagem de dinheiro e corrupção passiva. O inquérito está sob sigilo. A investigação concluiu que as doações ilegais de campanha só ocorreram porque a Odebrecht recebeu contrapartidas em projetos com o governo estadual.
A Polícia Federal não indiciou o cunhado de Alckmin porque os crimes já prescreveram por Adhemar Ribeiro já ter mais de 70 anos.