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Religiosos criticam liberação de verbas do prefeito de SP para compra de fuzis

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Lideranças religiosas que trabalham com moradores em situação de rua no Centro de São Paulo criticaram a decisão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) de liberar R$ 400 mil para a compra de 10 fuzis e 25 carabinas para a Guarda Civil Metropolitana (GCM).

Segundo os religiosos, “falta preparo para os guardas municipais na operação de armas de guerra” e o porte de fuzis “certamente vai produzir vítimas inocentes”.

“Estamos muito preocupados com essa decisão. A Prefeitura fala em responder aos criminosos na Cracolândia, mas eu trabalho há dez anos aqui e posso garantir: não tem só traficante e viciado. Há crianças, idosos abandonados e famílias inteiras que foram parar na rua por causa da situação social grave. Todos eles vão ficar na mira do fuzil?”, declara o pastor Rica, da Igreja Bola de Neve, que mantém na região o ‘Projeto da Pedra para a Rocha’, que ajuda e recupera usuários de droga na Cracolândia.
O padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de São Paulo, chamou de “desumanidade” o decreto do prefeito de São Paulo. Ele afirma que lideranças sociais do Centro pretendem questionar na Justiça a compra das armas.

“A gente entende que a GCM, como o nome diz, é uma polícia civil, uma guarda de prevenção e não de repressão. A cidade tem outras emergências nesse momento de pandemia, como assistência social, saúde e educação, não a compra de armas. A gente ainda não sabe quantas entidades vão assinar o documento, mas pretendemos ir à Justiça para questionar a função real da guarda civil na cidade”, afirmou o padre.

Vereadores do mandato coletivo do PSOL “Quilombo Periférico” solicitaram ao Ministério Público na quinta-feira (5) que a liberação da verba seja investigada pelos promotores estaduais .

Júlio Lancellotti disse que já demonstrou ao prefeito Ricardo Nunes discordância com a decisão, através de mensagem de celular: “Ele me disse que estava seguindo uma emenda do vereador e que iria conversar com o parlamentar sobre uma possível mudança no direcionamento da emenda”, afirmou.

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