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Pais relatam que agentes da GCM jogaram spray de pimenta em alunos

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Pais de alunos da escola municipal Pedro Nava, no Butantã, na Zona Oeste da capital, relatam que agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) jogaram spray de pimenta em estudantes entre 10 e 14 anos durante uma briga no colégio.

Um vídeo mostra os alunos chorando e passando mal com o efeito do gás, que causa irritação e ardor nos olhos, na boca e na pele, além de sensação de sufocamento.

Segundo pais de alunos, os agentes, armados, fazem rondas dentro da unidade, no pátio e no corredor das salas diariamente.

Desde a volta às aulas presenciais, o colégio vem registrando seguidos casos de violência entre os próprios estudantes e agressões aos professores. Sem conseguir lidar com as ocorrências, a direção acionou os guardas civis, que agora ficam por lá rotineiramente, segundo relatos.

“Eles estão armados dentro da escola, isso é perigoso. Também dá a impressão de que os meninos são bandidos”, diz a técnica de enfermagem Janete Barbosa, mãe de uma estudante de 14 anos, do nono ano.

O primo dela aparece nas imagens, atingido pelo spray de pimenta –ele acabou saindo da escola após o episódio, que aconteceu em 20 de maio.

Outro caso recente foi o de uma aluna do sétimo ano que está sofrendo bullying dos colegas e chegou a registrar a denúncia na polícia.

Ela foi agredida com socos e jogaram álcool em gel em seu rosto por três vezes. A menina de 12 anos até precisou cortar o cabelo após colarem chiclete nos seus fios.

Ela tem tido dificuldades para voltar a frequentar as aulas, e a família tenta transferi-la de unidade, segundo a irmã da aluna, a autônoma Renata Matias.

“Não desejo isso para ninguém, ainda mais uma criança. Estamos fazendo de tudo para não afetar o aprendizado dela na escola, mas não sabemos lidar com essas coisas, em um lugar que deveria ser de paz e segurança”, diz Renata. “É frustrante, fomos na delegacia, no Conselho Tutelar, na DRE [Diretoria Regional de Educação], mas parece que nada adianta. Estamos cansadas mentalmente e fisicamente.”

Os pais e os professores reclamam da incapacidade da diretora da unidade de impor ordem e se dizem amedrontados. Para eles, a profissional não está aberta para se comunicar com a comunidade escolar e ignora os pleitos dos funcionários e responsáveis.

“Existem situações de bullying dentro da escola que desencadearam em acidentes graves na porta da escola, e ela não dá atenção. Hoje um aluno ameaçou levar uma faca para atingir um outro aluno. Isso foi avisado [à diretora], mas ela pouco deu atenção. Sempre fala que não estava sabendo de nada” relataram docentes, sem se identificar.

“Somos alvo constante de agressões verbais intensas, de assédio constante por parte dos estudantes e da direção, resultando em um número elevado de professores adoecendo no início do ano letivo”, disseram professores em uma reunião.

Eles relatam um aumento dos casos de violência entre os estudantes após a pandemia. Médicos e especialistas dizem que o isolamento social e o aumento da pobreza potencializaram comportamentos agressivos nos alunos. Por isso, defendem que deveria haver um trabalho conjunto entre estado, escola e família na volta às aulas presenciais.

Mas, segundo os funcionários, há pouca estrutura na Emef Pedro Nava.

Os protocolos sanitários dificilmente eram seguidos pelos estudantes — um docente mencionou que chegou a dar aula para mais de 20 alunos sem máscara e que não havia nenhum tipo de ação por parte da direção para coibir o comportamento.

Segundo os funcionários, há salas com iluminação precária, mofo, infiltrações, ventiladores que só funcionam por ligação direta e que ficam alagadas quando chove. A quadra da escola precisa de obras e está interditada pela Defesa Civil. Alunos com necessidades especiais também não têm sido atendidos por um profissional específico, que os acompanhem.

Para a psicóloga Marisa Feffermann, os casos de briga entre alunos não justificam a atuação da GCM dentro da unidade. “Não podemos admitir que a mediação de conflitos seja com polícia ou com guarda civil. Um ambiente que deveria ser de acolhimento e mediação passa a ser de mais agressividade e opressão. A escola, que deveria ser o local de formação de cidadãos, torna-se um espaço de medo e insegurança. Isso é inadmissível”, afirma.

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