A intervenção do presidente Bolsonaro (sem partido) no comando da Petrobras assustou agentes do mercado financeiro, que procuraram integrantes do governo nos últimos dias para saber do futuro da agenda liberal do ministro da Economia, Paulo Guedes.
Dentro do próprio governo, é consenso na área política que o ministro da Economia sai desgastado com mais uma mudança determinada pelo presidente Bolsonaro. Isso, sem contar a ameaça de Bolsonaro de que outras trocas, inclusive de nomes escolhidos por Guedes, poderão acontecer.
Além da substituição de Castello Branco na Petrobras, governistas admitem que “não deu liga” a presidência de André Brandão, no comando do Banco do Brasil, com o presidente Bolsonaro. Acontece que Brandão foi um nome escolhido por Guedes e pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e é muito respeitado pelo mercado.
O temor do mercado financeiro é de que as recentes sinalizações do presidente representem uma guinada para uma agenda populista e enterre, ou atrase, a agenda prometida por Guedes, que prevê reformas e privatizações.
Para esta semana, o governo tenta costurar um projeto para enviar ao Congresso as privatizações dos Correios e da Eletrobras. Ocorre que os próprios líderes da base governista não veem espaço para priorizar o tema. O avanço dessas pautas ajudaria Guedes neste momento, em meio à discussão do auxílio-emergencial, que é vista como uma ‘agenda de gastos’.
Sobre a permanência de Guedes no governo, é consenso entre fontes ouvidas pelo blog que o ministro não deixa o cargo, apesar dos desgastes. Mas, na visão de assessores presidenciais, está cada vez mais isolado, mesmo que o presidente diga que o “técnico está prestigiado”.