O governo federal pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que suspenda leis estaduais e do Distrito Federal que fixam alíquotas de ICMS sobre combustíveis.
O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços é um imposto estadual, compõe o preço da maioria dos produtos vendidos no país, incluindo combustíveis, e é responsável pela maior parte dos tributos arrecadados pelos estados.
O Congresso Nacional concluiu a aprovação de um projeto que limita o ICMS sobre alguns setores, entre os quais combustíveis, energia e comunicações. O texto fixa esse limite em 17% ou 18%, dependendo da localidade. Em alguns estados, o ICMS sobre combustíveis chega a 30%.
O texto aprovado pelo Congresso é criticado pelos governadores, que estimam perda de arrecadação de cerca de R$ 100 bilhões (veja no vídeo mais abaixo).
A ação apresentada ao Supremo é assinada pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo advogado-geral da União, Bruno Bianco.
O governo quer que o Supremo:
conclua pela inconstitucionalidade da política praticada pelos estados;
limite a alíquota do ICMS incidente sobre combustíveis à prevista para as operações em geral.
O governo argumenta que o Supremo precisa agir para corrigir “distorções” porque, diz, além de representar parcela expressiva da arrecadação tributária no país, o ICMS sobre combustíveis também influencia o cotidiano do consumidor, dos transportadores e da política energética.
Em maio, o governo já havia apresentado ação semelhante, questionando políticas estaduais sobre o ICMS que incide no diesel.
Os argumentos do governo
A ação afirma ser inconstitucional a política praticada atualmente pelos estados, acrescentando que a prática, considerada abusiva pelo governo federal, tem peso para o consumidor.
“A forte assimetria das alíquotas de ICMS enseja problemas que vão muito além da integridade do federalismo fiscal brasileiro, onerando sobretudo o consumidor final, que acaba penalizado com o alto custo gerado por alíquotas excessivas para combustíveis […] e com a dificuldade no entendimento da composição do preço final desses produtos”, diz a ação.
Ainda no documento, o governo diz que a definição de política pelos estados é “prática institucional contínua, ilegítima e violadora de preceitos fundamentais”.
Argumenta, ainda, que a política sobre os combustíveis impacta a economia e, de forma mais direta, a inflação e os mais pobres.
“Em diversos estados da federação, a alíquota da tributação de combustíveis como a gasolina chega a ser quase o dobro da alíquota geral. […] Nesse ponto, convém destacar que a referida cobrança, além de atingir o destinatário final de produto essencial, onera inúmeras cadeias de consumo e produção que são socialmente relevantes”, conclui.