Uma ala do governo trabalha para convencer o presidente Bolsonaro a apoiar oficialmente a ministra Tereza Cristina (Agricultura) como nome à sucessão de Rodrigo Maia na presidência da Câmara.
Apesar de a disputa estar distante, já que ocorre em fevereiro, o assunto virou tema prioritário entre integrantes do governo nas últimas semanas.
No Senado, o governo trabalha com a reeleição de Davi Alcolumbre, com quem tem poucos problemas de relacionamento — pelo contrário, o senador está cada vez mais alinhado ao governo. Além disso, palacianos gostam de lembrar que Alcolumbre se elegeu com apoio de Onyx Lorenzoni — o que não ocorreu com Maia na Câmara. O Planalto trabalhou contra a reeleição do presidente da Câmara e, desde então, a relação entre Maia, Planalto e a equipe econômica vive altos e baixos.
Para evitar novos anos de presidência da Câmara como os de Maia, nos quais que ele também barrou e vetou matérias que o governo queria fazer avançar (principalmente na agenda de costumes), um grupo de assessores presidenciais defende que o governo tenha candidata e que seja a ministra Tereza Cristina, do DEM, mesmo partido de Maia e Alcolumbre.
Apesar de ministra de Bolsonaro, Tereza, diferentemente de outros candidatos que querem o apoio do presidente, como Artur Lira, é amiga pessoal de Maia. Portanto, não teria o veto do presidente da Câmara.
O sonho deste grupo que trabalha nos bastidores é que Maia feche o apoio ao nome de Tereza, junto com o Planalto.
Nos bastidores, Maia repete a aliados que seria uma “honra” ser sucedido por uma mulher, a primeira a presidir a Câmara. Mas sabe que enfrentaria a ira a esquerda. Interlocutores do presidente da Casa veem dificuldades para Maia ficar contra a esquerda na Câmara — grupo que foi leal a ele, Maia, durante sua reeleição — e que não votaria em Tereza por conta da agenda do agronegócio.
Nas últimas semanas, a imagem de Tereza se desgastou junto a parlamentares que discutem apoiá-la quando defendeu a polêmica tese do “boi bombeiro”. Além da agenda do agronegócio, o temor de parlamentares de esquerda (cerca de 130) é a de que, se eleita, ela dará prosseguimento a uma agenda conservadora nos costumes — como quer Bolsonaro.
Apesar das avaliações, o governo sabe que, se Maia não pode ficar contra a esquerda, tampouco vetaria o nome de uma de suas melhores amigas para a presidência da Câmara — e, por isso, assessores presidenciais trabalham a ideia da ministra candidata para fevereiro.