SÃO PAULO – O desfile em sequência do Love Fest e do Bloco das Gloriosas, da cantora e drag queen Gloria Groove, criou quase uma Parada do Orgulho LGBT fora de época na Avenida Tiradentes, no centro de São Paulo, na tarde desta segunda-feira, 24. Das declarações e músicas dos trios elétricos às fantasias dos foliões, são presentes discursos contra a intolerância e o preconceito e símbolos do movimento LGBT, especialmente o arco-íris.
Gloria começou a apresentação no chão, ao apresentar seu hit mais recente “Sedanapo”, junto de bailarinos, vestida da personagem Mary Jane. Ela se aproximou do público, que gritava e fazia declarações. Duas músicas depois, o público começou a gritar em protesto contra o presidente Jair Bolsonaro.
O bancário Rodrigo Bottignon, de 34 anos, vestia um conjunto de camisa e bermuda com corações coloridos, arco-íris e a frase “bonito é ser livre”, além de ter colado uma aplicação de arco-íris em cada bochecha e ter levado uma bandeira LGBT. “Trouxe só para esse bloco. Mostra que a gente existe de verdade, como é na Parada, comenta Rodrigo. “Carnaval por essência é ser livre”, completa o professor Italo Ruan, de 22 anos. Os dois amigos vieram de Sorocaba, no interior paulista. “É o primeiro bloco que venho, sou muito fã da Gloria”, explica Italo.
“Faz muito sentido (comparar com a Parada). Também é uma forma de trazer visibilidade”, afirma o enfermeiro Francisco Azevedo. “Também é uma forma de se diferenciar um pouco”, conta a administradora Rebeca Rodrigues, de 30 anos, que usava uma bandana com as cores do arco-íris.
A técnica de enfermagem Thairine Agata, de 28 anos, vestia uma camiseta com estampa do arco-íris. “Vim para representar. A Glória Groove é uma grande defensora da causa”, conta. “Cada um tem um estilo de representar a comunidade. Não tive como me produzir, mas estou aqui”, afirma o merchandising Anderson Silva, de 25 anos.
“Mostra que a comunidade está se expandindo, bom que tem representam a gente (como a Gloria)“, completa o estagiário de Engenharia Gabriel Oliveira, de 20 anos, que veio de Itapevi. Os blocos voltados especialmente (mas não exclusivamente) ao público LGBT reúnem alguns dos maiores públicos do carnaval paulistano, como Minhoqueens, o Agrada Gregos, o Bloco da Pabllo e o Siga Bem Caminhoneira, dentre outros. Com milhares de foliões, o bloco enfrentou empurra-empurra para conseguir se mover pela via, apesar da grande concentração de cordeiros (seguranças que empurram as cordas, que protegem o trio).