Nas sucessivas idas ao Palácio do Planalto, presidentes de partidos do “Centrão” têm levado indicações para cargos no governo do presidente Jair Bolsonaro e, agora, aguardam a formalização das nomeações.
“Sempre demora dez a 15 dias até passar pelo trâmites burocráticos”, disse ao blog um dos novos interlocutores do governo.
“É prego batido e ponta virada”, relatou outro deputado, mostrando que o acerto está feito e só falta a formalização das nomeações.
Lideranças desses partidos já ajustaram o discurso. Ao ouvir discurso crítico do deputado Zaratini (PT-SP), o líder do PP, Artur Lira, telefonou para o colega e provocou: “O ministro chegou tem 11 dias e você já quer um plano? O Mandetta ficou mais de um ano e ninguém cobrou nada dele”, disse.
Ninguém duvida que parlamentares desses partidos sabem ser governo e também sabem fazer oposição, a mais ferrenha.
Presidentes de Progressistas, PL e Republicanos foram os que primeiro chegaram ao Palácio do Planalto e aceitaram a oferta de cargos. Depois foram chamados os presidentes do MDB e do DEM, que dizem nada querer para apoiar projetos de interesse do governo no Congresso.
“Quando nós estávamos com Rodrigo Maia, nós eramos o ‘Centro’. Agora que estamos com o governo, somos o ‘Centrão'”, reclama Artur Lira. Mas ele não gosta de falar das indicações feitas pelo PP ao governo e lembra que o DEM tem os ministros da Agricultura (Tereza Cristina), da Cidadania (Onyx Lorenzoni) e tinha também o da Saúde (Luiz Henrique Mandetta).
“Uns têm muito e ninguém fala nada. Outros não tem nada e falam muito”, disse ele.
Os deputados, no entanto, sabem o que foi indicado ao governo e contam que o PL, partido de Valdemar da Costa Neto, indicou um novo presidente para o Banco do Nordeste. A primeira indicação não foi aprovada pelo governo e, agora, uma segunda está sob análise dos órgãos de controle. E, pediu, ainda, uma diretoria do Ministério da Saúde, vinculada a área de fiscalização sanitária – já na administração de Nelson Teich que, a propósito, já foi apresentado aos novos aliados do governo.
O PP quer indicar o diretor-geral do DNOCS e o presidente do partido, senador Ciro Nogueira, quer indicar o novo comandante do FNDE, Fundo vinculado ao Ministério da Educação que até meses atrás tinha como presidente um indicado de Rodrigo Maia. Mas, diante das desavenças com o governo, ele foi substituído por um nome do ministro Abraham Weintraub.
Também empenhado na aproximação do “centrão” com o governo, o ministro Rogério Marinho abriu as portas de seu ministério para as indicações políticas. Duas secretarias do Ministério de Desenvolvimento Regional serão partilhadas com os partidos. Mas eles se queixam que muitos cargos importantes ainda são ocupados por indicados do PT, que saiu do poder em 2015 e, outros tantos, pelo DEM que faz oposição ao goveno. “O DEM já dominou o FNDES, a Funasa e recebeu a Cedevasf no atual governo e ninguém fala nada”, queixou-se um líder.
O Republicanos fez um pedido que reduz o poder do ministro Paulo Guedes. O partido quer ver Marcos Pereira num novo ministério do Desenvolvimento, que foi extinto neste governo e transformado em secretaria e subordinada ao ministro da Economia.