A iminente passagem de bastão do Brasil para a China na presidência do Conselho de Segurança da ONU pode impulsionar potências a costurarem uma última resolução, com texto possível, sobre o conflito em Gaza.
A avaliação foi feita por uma fonte graduada da diplomacia brasileira, diretamente envolvida na negociação.
A análise leva em conta três fatores:
A evidente escalada de violência do conflito, e do tom de chefes de delegações árabes;
o fato de que o Brasil é um país considerado neutro e bem posicionado no debate internacional e;
principalmente a chegada, na quarta-feira, da China, rival dos Estados Unidos no palco geopolítico, à presidência do colegiado.
A conta que está sendo feita é a de que os americanos podem ter interesse em impulsionar um texto “possível” ainda sob a presidência do Brasil do que correr o risco de ver o confronto se agravar, e ter de agir sob a presidência chinesa, dando à diplomacia de Xi maior protagonismo global.
Por isso, uma intrincada costura deslanchou: Israel e EUA não aceitam qualquer menção a cessar-fogo ou sinônimos, como pausa humanitária, no texto –até agora.
“O corredor que nós temos de ação é muito estreito, mas ele ainda existe”, avalia a fonte do blog.
A busca por termos que garantam auxílio humanitário e a saída de reféns e de cidadãos estrangeiros da zona de conflito é que está se desenrolando agora.
O chanceler Mauro Vieira já desembarcou em Nova York, o que sinaliza o tamanho desse último esforço diplomático.