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QG bolsonarista projeta ‘pelo menos’ 20 anos no poder caso vença Lula

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O projeto de poder de Jair Bolsonaro (PL) e de seu grupo político prevê um ciclo de poder de 20 anos, se Lula (PT)for derrotado. É esse o principal argumento que o QG da reeleição tem martelado junto a Jair Bolsonaro (PL) para convencer o presidente a deixar de lado – pelo menos nos próximos 50 dias – os ataques e ameaças à democracia e a trocar esse discurso por medidas econômicas.

Os mais próximos auxiliares do presidente que, nas últimas semanas, têm atuado nos bastidores para mudar o discurso central da campanha: convencer o eleitor de centro que o presidente não vai adotar um golpe institucional se for reeleito.

A campanha de Bolsonaro tem consultado especialistas em pesquisas que, basicamente, apontaram dois “tiros no pé” de Bolsonaro nos últimos meses: ataques à democracia, como críticas a manifestações e às cartas pela democracias – além dos ataques às urnas. Bolsonaro ouviu que o eleitor de centro, incluindo o eleitor que votou nele em 2018 por um “anti-petismo light”, rejeita instabilidade democrática.

Após a reunião de Bolsonaro com embaixadores, o QG da reeleição praticamente se transformou num gabinete de crise – crise, essa, causada pelo próprio presidente. Diante desse diagnóstico sobre o que desgaste Bolsonaro nas pesquisas, o QG da reeleição se se viu às voltas com o desafio: como colocar em foco novamente os efeitos do Auxílio Brasil, que havia sido aprovado dias antes da reunião, e convencer Bolsonaro a não priorizar os ataques às urnas e ensaiar um discurso de paz com o TSE?

Um dos principais estrategistas do governo e da campanha explica o que credita ser o argumento que pesou para Bolsonaro a três meses da eleição, diante do risco de perder o poder: “Foi quando ele ouviu que, se ganhar a eleição, o projeto é de 20 anos. Se ganharmos do Lula, vamos perder para quem?”

Mas, para isso, o presidente precisa seguir o script do Centrão e de Paulo Guedes: se afastar das ameaças golpistas evitar “incendiar” a relação com o Judiciário – principalmente no 7 de setembro – e focar em anúncios econômicos para colher frutos eleitorais junto à população.

Inclusive, sobre o 7 de setembro, ministros do governo avaliam que o Congresso não dará seguimento ao aumento dos servidores do Judiciário (de 18%) antes das eleições: em conversas reservadas, integrantes da equipe econômica alertaram integrantes do Judiciário e do Congresso que temem uma reação de outras categorias com greves se o aumento sair, além de servir como “munição” a bolsonaristas radicais que, inflados pelos discursos de ataque ao STF do presidente, reajam nas ruas.

‘Onda do Auxílio Brasil’

Com o início do pagamento do auxílio, desde o último dia 9, a campanha de Bolsonaro prevê, agora, o que chama de “onda bolsonarista”: um crescimento em setores mais pobres e entre mulheres – onde ele tem dificuldades – e, com isso, uma redução da vantagem de Lula no primeiro turno.

A própria campanha do PT admite que haverá reação de Bolsonaro nas pesquisas – mas, pelo menos por ora, não vê efeito significativo para mudar o favoritismo de Lula nas pesquisas.

Para a campanha de Bolsonaro, o presidente tem apenas um adversário: ele mesmo. Por isso, tentam convencer o presidente a segurar arroubos autoritários e de cunho golpista por prazo determinado: o fim do segundo turno.

E batem na tecla, o tempo todo, de que se ele for reeleito a esquerda não voltará ao poder por um ciclo de “pelo menos 20 anos”. Entre as figuras do campo bolsonarista que mais atraem o Centrão estão nomes como Tarcisio Vieira e Campos Neto, além da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

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