O volume total do crédito ofertado pelos bancos cresceu 1,9% em setembro, para R$ 3,809 trilhões, segundo números divulgados pelo Banco Central.
Em setembro, de acordo com o BC, houve aumento de 2,6% no volume total de crédito para as empresas, com saldo atingindo R$ 1,688 trilhão. A alta foi de 1,4% nas operações para pessoas físicas com o estoque somando R$ 2,121 trilhões no fim do mês.
Em doze meses, o crescimento do volume total do crédito bancário acelerou de 12,2% para 13,1%. A alta foi estimulada pelas operações com empresas, cuja expansão subiu de 16,6% para 18,3%, e também nas operações com pessoas físicas, que registraram aumento do crescimento de 8,9% para 9,3%.
O chefe-adjunto do Departamento de Estatísticas do BC, Renato Baldini, avaliou que o quadro geral é “bastante positivo”.
“Nós vemos crédito em expansão, alcançando diferentes segmentos da economia, desde grandes e pequenas empresas. Temos taxas de juros historicamente baixas e em declínio, e tudo isso em um cenário favorável em termos de inadimplência, que se encontra em níveis historicamente baixos também”, disse.
Baldini avaliou que as vendas do cartão de crédito à vista, nas compras de pessoas físicas, têm subido fortemente nos últimos três meses, indicando recuperação das vendas do comércio.
A taxa média de juros caiu no mês passado, englobando operações com cartão de crédito. No caso do cheque especial das pessoas físicas, houve aumento.
De acordo com o Banco Central, as concessões totais de crédito somaram R$ 367 bilhões em setembro, uma elevação de 6,5%.
A taxa de inadimplência média registrada pelos bancos nas operações de crédito passou de 2,6% para 2,4% de agosto para setembro.
No caso das operações com pessoas físicas, a inadimplência caiu de 3,3% em agosto para 3,1% no mês passado. No caso das empresas, a taxa caiu de 1,8% para 1,5% de agosto para setembro.
Linhas emergenciais de crédito
No acumulado deste ano, o aumento no crédito bancário está relacionado às medidas adotadas pelo Banco Central para liberar às instituições financeiras mais recursos destinados a empréstimos em meio à pandemia do novo coronavírus.
Ainda há relatos de dificuldades por parte de pequenos empreendedores em conseguir linhas de crédito emergenciais, ofertadas pelos bancos com garantia do governo federal, mas o acesso está aumentando nos últimos meses.
“No ano de 2020, o crédito para as micro empresas mostra um crescimento de 24,4%, para as pequenas de 17%, médias 10,6% e grandes 12,6%. Embora a gente não tenha uma pesquisa diretamente com as empresas para avaliar o quanto tem sido fácil ou não o acesso ao crédito, a partir dos dados que possuímos a impressão é do sucesso no alcance para esse segmento”, disse Baldini.
A segunda fase do Pronampe, a principal linha de crédito para micro e pequenos empreendedores, já está praticamente esgotada, e a área econômica confirmou recentemente que pretende lançar a terceira rodada de empréstimos por meio do programa.
Juros bancários
Os juros bancários médios com recursos livres de pessoas físicas e empresas, por sua vez, recuaram de 26,5% ao ano, em agosto para 25,7% ao ano no mês passado. O recuo não considera empréstimos habitacionais, rurais ou do BNDES. Nas operações com recursos livres, a instituição financeira tem autonomia para fixar a taxa de juro cobrada.
O chefe-adjunto do Departamento de Estatísticas do BC informou que a redução dos juros bancários médios em setembro está relacionada à queda da taxa básica da economia (Selic), que está no piso histórico, aos programas de crédito emergenciais com juros menores, e à menor utilização do crédito rotativo (que possui taxas mais altas).
Em setembro, nas operações para pessoas físicas, a o juro médio passou de 39% para 38% ao ano na comparação com agosto.
A queda do juro bancário no mês passado não englobou as operações com cheque especial, cuja taxa passou de 112,9% ao ano em agosto (6,5% ao mês) para 114,2% ao ano em setembro, o equivalente a 6,6% ao mês. Nesse caso, o BC adotou um teto para os juros.
No caso das operações com cartão de crédito rotativo, os juros bancários cobrados das pessoas físicas recuaram de 310,2% ao ano, em agosto, para 309,9% ao ano em setembro. Deste modo, mesmo com a pequena queda, a taxa segue em patamar proibitivo.
O crédito rotativo do cartão de crédito pode ser acionado por quem não pode pagar o valor total da fatura na data do vencimento, mas não quer ficar inadimplente. Essa é uma das linhas de crédito mais caras do mercado e, segundo analistas, deve ser evitada. A recomendação é que os clientes bancários paguem todo o valor da fatura mensalmente.
A queda dos juros bancários médios e das operações com pessoas físicas acontece em um momento de recuo da taxa básica de juros da economia. Em agosto, houve nova queda, para 2% ao ano (mínima histórica), patamar que foi mantido em setembro deste ano.
De acordo com o BC, o chamado “spread” bancário (diferença entre quanto bancos pagam pelos recursos e quanto cobram dos clientes) médio com recursos livres passou de 22,1 pontos percentuais, em agosto, para 21,1 pontos percentuais em setembro – uma queda de um ponto percentual.
Nas operações com pessoas físicas, houve redução de 34,2 pontos em agosto para 32,8 pontos em setembro deste ano.
Com isso, mesmo com o repasse da queda do juro básico da economia na parcial deste ano, o “spread” bancário ainda segue em patamar elevado para padrões internacionais.
O “spread” é composto pelo lucro dos bancos, pela taxa de inadimplência, por custos administrativos, pelos depósitos compulsórios (que são mantidos no Banco Central) e pelos tributos cobrados pelo governo federal, entre outros.