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Piora fiscal e descontrole do coronavírus podem empurrar economia brasileira

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Supporters of Brazilian President-elect Jair Bolsonaro, gather at the "Tres Poderes" square in front of the Planalto Palace in Brasilia, before his inauguration ceremony on January 01, 2019. - Brazil entered a new chapter in its history on Tuesday, embracing a far-right president, Jair Bolsonaro, whose determination to break with decades of centrist rule has raised both hopes and fears. (Photo by EVARISTO SA / AFP)

Já é dado como certo, nas projeções dos analistas, que a recessão enfrentada pelo Brasil em 2020 será a pior dos últimos 120 anos – pelo menos. Mas esse quadro pode se agravar mais. Uma eventual sinalização de que as contas públicas vão piorar de forma consistente, aliada à dificuldade do país em promover a reabertura segura da economia, sem controlar o coronavírus, têm força para levar a atividade econômica para um cenário de depressão.

Por ora, a depressão econômica não está no cenário base de boa parte dos economistas – os dados até mostram que o fundo do poço já ficou para trás, apesar do cenário de grande incerteza. Mas um quadro de mais gravidade para a economia brasileira segue no radar de parte de bancos e consultorias.

Entenda a diferença:

A depressão econômica é caracterizada pela forte queda do Produto Interno Bruto (PIB) sem que haja uma retomada consistente nos anos seguintes.
Em cenários de recessão, depois da retração da atividade, a economia consegue se recuperar com mais facilidade, ainda que de forma gradual.
Com a crise provocada pelo coronavírus, o governo teve de ampliar fortemente os gastos públicos para mitigar os efeitos da pandemia no orçamento de empresas e famílias. Superada a crise sanitária, a piora das contas públicas terá de ser revertida, segundo analistas, para que o país não entre numa depressão.

A crise fiscal brasileira se agravou em 2014 e, desde então, o Brasil acumula déficits primários e tem buscado realizar um ajuste fiscal. O resultado é que o Brasil se tornou uma país de elevado endividamento para uma economia ainda emergente, o que sempre provocou a desconfiança dos investidores.

Nos últimos anos, o país conseguiu aprovar algumas medidas que ajudam no controle das despesas, como teto dos gastos e a reforma da Previdência. Mas os gastos realizados pelo governo para mitigar os efeitos da pandemia vão elevar o endividamento do país – a dívida bruta do Brasil deve chegar a 98,2% do PIB no final de 2020.
“A nossa maior preocupação é se o Brasil começar a brincar com o fiscal. E como seria isso? Se o país flexibilizar o teto de gastos, o que se traduziria em aumento mais expressivo da dívida”, diz a economista e sócia da consultoria Tendências, Alessandra Ribeiro.
No cenário-base da Tendências, o país deve colher uma recessão de 7,3% neste ano e um crescimento de 3,4% em 2021 e 2,1% em 2022.

O cenário pessimista da consultoria, no entanto, que prevê um quadro de depressão, tem uma probabilidade de 40% de se materializar. Nesse cenário, o país abandonará o ajuste fiscal, o teto de gasto será revisto, e o PIB vai despencar 10% neste ano, com um crescimento de apenas 2,5% em 2021 e 1,8% em 2022.

“É um quadro em que a economia cai e praticamente fica lá, volta muito pouco. Aí, é um cenário de depressão”, diz Alessandra.

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